quarta-feira, maio 24, 2017

VAMOS FALAR SOBRE ABUSO PSICOLÓGICO...

Peço desculpas ao leitores deste blog pelo sumiço. 
Meus últimos meses não foram muito bons no quesito saúde. Mas já percebi que infelizmente volta e meia preciso aprender pela dor e não pelo amor, então questões de saúde ultimamente tem influenciado de maneira muito positiva minhas mudanças de comportamento.

Em março comecei um curso de EFT (Emocional Freedom Techniques, do inglês Técnicas de Libertação Emocional, também conhecido no Brasil como Acupuntura Emocional sem Agulhas). Já havia feito um em 2015, mas este é diferente, sobre como atender clinicamente usando a EFT. 
Na primeira aula, a Sonia Novinsky, instrutora do curso, começou falando sobre handling e holding. Achei aquilo tudo muito interessante, mas comecei a boiar, pois sabia que aquilo não era teoria do EFT, mas eu não sabia de onde vinha. Ela me explicou que isto era da teoria do Winnicott, um pediatra e psicanalista. Eu sabia da existência de Winnicott e que suas teorias tinham a ver com bebês, pois tive uma aluna particular de inglês psicóloga, que eu preparei para provas de doutorado e me lembro que lemos textos em inglês que citavam ele. 
Não vou aqui explicar a teoria dele, quem quiser se aprofundar tem material suficiente na internet.  E desculpa a quem achar que estou descrevendo de maneira simplista, pois não sou psicóloga nem psiquiatra. Mas o básico é o holding (sustentação) é um conjunto de comportamentos que visam apoiar a criança de maneira física mas principalmente emocional, o que engloba amamentação e carinho. Este suporte deve ocorrer não só bebê, mas ao longo da infância para ajudar a formar o emocional daquela criança. 
Já o handling (manejo) consiste nos cuidados de higiene e alimentação, nas necessidades fisiológicas. Estes cuidados são muito intensos no começo da vida e vão diminuindo gradativamente, sendo que o normal é que a partir dos 2 anos de idade comecem a diminuir por a criança começar a ser mais autônoma. 

Depois de ler sobre o assunto, comecei a pensar sobre a minha própria vida e no que eu vejo acontecer com a maioria das crianças com EB: crianças que não receberam o holding adequado, pois muitas não mamaram no peito (eu inclusa) e quando somos bebês todos nos evitam de nos tocar para que não surjam mais feridas ou bolhas, ao passo que o handling não cessa, por causa da rotina de curativos. Ou seja, falta de carinho, afeto e toque, acompanhada de uma rotina de cuidados feitas por outrem que não estimula a nossa autonomia. 
Foi daí que eu pensei: "Nossa, é por isto que eu sou tão errada!". E é por isto também que vejo algumas mães com depressão ou distúrbios emocionais muito sérios e que acham que isto é normal por causa do filho com EB, mas na verdade tem como uma das causas a execução errada destas funções maternais. 

E nisto entrei num loop de muitos dias de reflexão com meus botões, até que, "do nada", sem eu ter ouvido o termo, eu deduzi por mim mesma que eu vivi (e ainda vivia) abuso psicológico. Joguei no Google o termo, comecei a ler a respeito e vi que meu subconsciente estava certo. Eu havia identificado uma questão crucial da minha vida. E agora identificada, era hora de agir.

Pouco se fala sobre abuso psicológico (também chamado abuso emocional). Quando se fala em abuso, pensa-se em abuso sexual ou agressão física. Mas em geral o abuso psicológico é primeiro passo para as 2 outras formas de abuso. Eis um resumão de algumas coisas que aprendi sobre abuso psicológico:

Alguns dos sinais de abuso psicológico, os quais eu sofri até pouco tempo: 
  • Xingamentos, não necessariamente palavrões, mas qualquer termo que faça você se sentir "um lixo", que ferem mais do que um castigo físico (isto era algo que eu já tinha consciência e eu já disse a minha mãe diversas vezes para que parar de xingar, mas pra ela isto não era xingamento, pois não dizia nenhum palavrão.)
  • Controle e possessividade (de alguma forma me consolou ano passado ter descoberto que meu irmão também sofre com isto por parte da nossa mãe, ou seja, não era algo só comigo)
  • Menosprezo a qualquer conquista, de forma a te fazer sentir sempre inferior
  • Condenação e crítica (muitos acham que sempre recebi um super apoio, mas na verdade o que eu recebi na infância e adolescência foram as frases "Você é inútil", "Você não presta pra nada" ou, a pior, "Você é tão insuportável que nunca ninguém vai gostar de você". As aparências enganam... e muito!)
  • Ameaças, sejam elas de violência (o que leva à agressão física ou sexual) quanto de abandono (na minha fase adulta, por ela ter raiva de ter que me levar pra universidade de manhã todos os dias, eu ouvia além das frases já citadas acima, a ameaça "Você está me matando! E o que será de você quando eu morrer!?"
  • Manipulação, por exemplo, criando atividades e compromissos que só beneficiam ao outro e/ou te prejudicam (O meu insight sobre a minha situação de abuso foi em um dia em que eu estava com uma ulceração de córnea, acabando de sair da oftalmologista mal conseguindo ficar com olho aberto, e fui levada a uma reunião só porque era interesse dela que eu estivesse lá, com nenhuma preocupação real com a minha saúde e bem-estar)
  • Isolamento de outras pessoas que te fazem bem
Como "uma mentira repetida várias vezes se torna uma verdade", é isto que acontece no abuso psicológico: o outro fala tantas mentiras sobre você, mas as repete dia após dia, de forma que você passa a acreditar que aquilo é a realidade. 

O que é muito complicado do abuso psicológico é que, quando não se tem consciência dele, mas sabe-se que há algo errado, tentar falar com os outros não é uma boa ideia. Quando mais adolescente, ao tentar falar algo com colegas da mesma idade, o que eu mais ouvia era a palavra "Creeeeedo!!!" e ao tentar me expressar artisticamente as pessoas achavam que eu estava em depressão (e eu não estava, pois eu sei o que é depressão, e hoje eu sei que ela foi causada por excesso de controle). Já adulta, o que mais ouvi, principalmente de outras mães, é que "ela fazia aquilo pelo meu bem"... nunca foi pelo meu bem, mas só pelo bem da loucura da cabeça dela.

Por um tempo fiquei livre disto quando me mudei. Foram alguns poucos anos de alegria. Mas a partir do momento em que ela teve que morar 3 meses na minha casa por causa do meu câncer, passou a achar que minha casa era uma extensão da casa dela, o que fez com que os velhos comportamentos voltassem todos de novo. 

O abuso psicológico deixa algumas marcas terríveis em quem o sofre. Eis as quais eu estou em processo de limpeza:

  • Culpa e vergonha: Tudo que acontece de errado, a culpa é sua.
  • Comparação: Você nunca é bom o suficiente, nada que você se esforça pra fazer tem valor.
  • Erros são proibidos, e principalmente dizer que o outro está errado, pois foi o outro quem criou e tem controle pelas regras.
  • Quando se erra, é ignorado, é usada a lei do silêncio.
  • Sabotagem: O outro recusa a te ajudar ou te atrapalha/proíbe suas realizações.
  • Falta de qualquer forma de carinho, amor, apoio e tempo de qualidade sinceros. 
  • Constante intromissão na sua vida, impondo que tudo tenha que ser feito junto com o outro. Usa amigos, familiares e redes sociais para controlar e saber cada detalhe da sua vida.
E por último, uma que não achei nos textos que eu li, mas que foi minha realidade por muitos anos:
  • Não conseguir sentir amor pela pessoa, mas sim medo, pois eu vivia em um constante estado de medo, pois sabia que o tempo todo eu seria podada ou recriminada.
Além disto, o sintoma mais frequente do abuso psicológico que eu sofria era a piora física. Tudo bem que tenho uma doença crônica, mas praticamente todas as complicações que tenho estão diretamente ligadas a um desequilíbrio emocional. E quando se convive com um narcisista (aquele que comete o abuso psicológico), o estrago psicológico é grande, e no meu caso o consequente estrago físico. Passei por uma sequencia de infecções, lesões oculares, sinusite, às vezes tudo junto e misturado, com episódios repetitivos. De fevereiro até o começo deste mês foi o caos pra mim! Mas agora com a questão psicológica sendo tratada, e sabendo reconhecer os sintomas maléficos para que eu possa atuar (principalmente com a EFT), antes deles se manifestarem fisicamente, tudo começa tomar um novo rumo. 
Isto me lembra um livro maravilhoso que encontrei em uma estante comunitária e que me foi um grande achado, pois comecei a lê-lo de fevereiro pra cá. No livro Quem ama não adoece, o cardiologista Marco Aurélio Dias da Silva explica que o emocional é a origem de todas as doenças, até mesmo das infecciosas, pois se o emocional está abalado, a tendência é que a imunidade baixe e uma pessoa esteja mais propensa a contrair uma doença infeciosa. Este livro é maravilhoso, vale muito a pena comprar pra ler e reler muitas vezes.


Um dos fatos mais complicados pra quem sofre o abuso psicológico é saber estabelecer limites para o narcisista (aquele que comete o abuso psicológico). Uma vez que esta pessoa esta enraizada em diversas atividades da sua vida, faz-se necessário, para quebrar este ciclo, tentar ao máximo se livrar de todas estas atividades e de evitar pessoas que possuem contato mais corriqueiro ou íntimo com esta pessoa, além de todos os "defensores" dela, sejam eles amigos dela ou seus amigos. Este é um processo muito doloroso.

Também é muito importante hoje eu conseguir observar o quanto o narcisista é uma pessoa negativa. No último Dia das Mães, em que fui almoçar com ela só pra "cumprir o dever de filha", pude observar claramente que não houve nenhuma conversa positiva da parte dela. Tudo o que ela dizia era sempre reclamando de algo ou de alguém ou falando mal de outras pessoas, conhecidas ou não. Este é um padrão dos narcisistas: eles "se alimentam da desgraça alheia", pois como eles acham que criam as regras, só eles estão certos. Vendo alguns vídeos sobre o assunto, de psicólogos especializados em narcisismo e abuso psicológico e que uma das maneiras de "quebrar a perna" do narcisista é ter um vasto repertório de coisas positivas para contar quando estiver na presença dele, inclusive ressaltando o quanto sua vida está boa. Ele irá se calar, sorrirá amarelo, pois não terá um gancho para começar a reclamar e mostrar sua superioridade. 

Hoje consigo contar tudo isto pra vocês graças a muito EFT, meditação, Thetahealing, cura prânica, constelação familiar, nos últimos meses tenho feito de tudo pra limpar toda esta inhaca acumulada por pelo menos 25 anos.
Seria muito bom se desde cedo fôssemos ensinados a fazer limpeza emocional diária assim como tomamos banho ou escovamos os dentes. Mas poucos receberam esta orientação na infância. E quando na fase adulta vamos limpar todo este cascão duro que se formou, é um trabalho pesado e muito árduo, mas necessário.

Felizmente estou me profundando cada vez mais na EFT e em conhecimentos de psicologia, de forma a conseguir fazer esta autoassepsia e ajudar outras pessoas a fazer o mesmo com os atendimentos de EFT.

O post foi bem grande, pra compensar os meses passados em que eu não tive condições de postar. O objetivo era colocar isto pra fora, pois colocar pra fora é um passo muito importante para o tratamento. Não espero que você me compreenda, não espero que me apoie. Se os fizer, ótimo! Mas se fizer justamente o oposto, me recriminar de alguma forma, saberei que você uma pessoa que não  deve pertencer mais a minha nova vida. 

E agora com o aniversário chegando, é ano novo, vida nova pra mim...!

Um comentário:

Eterna Aprendiz disse...

Parabéns... Post excelente... sou vítima e algoz ao mesmo tempo. Tb faço EFT com a Novinsky e foi a melhor descoberta da minha vida... O caminho é esse: a consciência de sermos sujeitos da nossa vida e mudarmos a nossa história.