Esta semana me surpreendi triplamente com a Receita Federal:
1) Este ano terei que fazer algum curso (mestrado, pós) bem caro ou arrumar um filho, senão ano que vem é capaz de eu precisar mais imposto pra Receita. É um absurdo: ano passado eu recebi mais de 200 reais de restituição; este ano vou receber 80! 80 reais não é quase nada! Dá até tristeza!Neste ritmo, só fazendo declaração simplificada com o desconto padrão de 20%, no ano que vem vão querer que eu pague mais do que já é descontado todo mês. É um absurdo!
2) Até hoje não entreguei minha declaração pq to esperando a Receita disponibilizar a página pra consulta do número do recibo da declaração do ano passado. Como eu nunca precisei desse número, eu não o tenho, e não tenho como obter, pois o computador que usei pra transmitir a declaração do ano passado, onde eu poderia obter o recibo, meu namorado fez a gentileza de formatar e instalaram Windows Vista (eeeeeeeccccccccaaaaaaaaaa!!!!). Daí vou ter que esperar o dia que a Receita fizer esta bondade de disponibilizar este recurso. Interessante que eu nunca tinha observado que naquela consulta se faz no site para ver se a declaração foi entregue ou não não tem o número da declaração...
3) Mas pelo menos a Receita tentou fazer algo de bom pela humanidade. Esta semana me surpreendi ao ver que nas páginas de consulta e CPF e CNPJ (as quais uso muito lá no trab) agora tem CAPTCHA auditivo. Para explicar o que é isso, seguem partes do texto da minha monografia sobre o assunto:
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O CAPTCHA (sigla para Completely Automated Turing Test To Tell Computers and Humans Apart – em português “teste de Turing completamente automatizado para distinguir computadores de humanos”) consiste em um aplicativo que procura verificar se o usuário que acessa um determinado sítio é um humano. Para tal, solicita ao usuário que leia um conjunto de caracteres distorcidos exibidos em uma imagem e os digite em uma caixa de texto. Esse mecanismo é usado por diversos sítios para aumentar a segurança de seus serviços, especialmente em cadastros para criação de contas de e-mail e comentários em blogs, votações online, prevenção de recebimento de spam, de vírus do tipo worm e de ataques de dicionário, dentre outros.
As implementações de CAPTCHA devem considerar os princípios de acessibilidade, segurança da imagem e do script, e segurança depois da popularização do algoritmo. Entretanto, a maioria das implementações existentes não respeita o princípio da acessibilidade, uma vez que consideram que uma pessoa conseguir ler o que está escrito em uma figura seria a maneira de distingui-la de um computador.
Existem algumas possíveis soluções para o problema de fornecer segurança a um sítio, mantendo a sua acessibilidade. Uma delas é a utilização de um CAPTCHA sonoro, isto é, os caracteres a serem digitados estariam em um arquivo de áudio, podendo assim ser utilizado por deficientes visuais. Entretanto, um arquivo de áudio pode ser muito mais facilmente quebrado por programas de reconhecimento de voz. Para resolver esse problema, os arquivos de áudio utilizados em CAPTCHA normalmente são distorcidos, contendo vozes de fundo e, em alguns casos, alternância entre vozes masculinas e femininas para confundir os programas de reconhecimento de voz. Em alguns casos, como no sítio do Hotmail, na parte de cadastro de novas contas de e-mail, a voz que diz os caracteres a serem digitados é distorcida, dificultando a compreensão. Em teste realizado em julho de 2003 por quatro repórteres do sítio CNET News.com, todos com boa audição, constatou-se que o áudio apresentado pelo Hotmail era incompreensível. O reCAPTCHA (http://recaptcha.net/captcha.html) também disponibiliza uma opção de áudio para seus usuários. Entretanto, apresenta problemas semelhantes ao algoritmo utilizado pelo Hotmail. Não há distorção do áudio, mas são utilizadas vozes diferentes para dizer cada um dos números a serem digitados. Em alguns áudios, as vozes de fundo se misturam às vozes que dizem os números, o que pode confundir o usuário na hora de identificar se ele realmente ouviu algo a ser digitado ou simplesmente um ruído.
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No caso da Receita, o CAPCTHA sonoro utilizado possui vozes o fundo falando coisas aleatórias, e possui os mesmos problemas citados anteriormente. Uma colega de sala e eu testamos o CAPTCHA com fones de ouvido e só acertamos a digitação dos números ditos na 2a vez. Já é um progresso, não o ideal, mas já é alguma coisa.
Pode não ter nada a ver, mas eu prefiro acreditar que, de alguma forma, eu tenha um dedinho disso. Explicando melhor: No II Seminário de Qualidade e Teste de Software, realizado em BH novembro passado, apresentei o que eu chamo de “as prévias do meu projeto final”. Os números apresentados foram de um pré-experimento, mas como parte do meu experimento do meu projeto final já havia sido feito, parte das conclusões já foram semelhantes. E um dos sites usados no experimento foi o da Receita, justamente em uma funcionalidade que dependia de um CAPTCHA para sua utilização. No fim do evento, um rapaz veio me perguntar se a funcionalidade que eu havia citado estava no site da Receita. Eu disse que sim e ele me disse que trab no SERPRO em BH, mas que tinha muito contato com o pessoal o SERPRO daqui. Ele disse que conversaria com os colegas dele que cuidam desta parte para ver se o problema podia ser resolvido. Quem sabe não foi esta alma boa que ficou sensibilizado com a minha apresentação e sensibilizou os outros, de forma a resolver este problema? Prefiro pensar que foi assim!
E viva a acessibilidade!!!