segunda-feira, novembro 24, 2014

EU TIVE CÂNCER, E ELE NÃO ME VENCEU (PARTE 1) - A DESCOBERTA

Para celebrar meus 2 meses de vitória e renascimento, começo esta série que conta minha saga de como eu venci o câncer e estou me recuperando. Ainda não sei quando voltarei plenamente à ativa, e estou com saudades de tudo e de todos.

No fim de janeiro ou começo de fevereiro, não sei ao certo, deu uma bolha no meu pé, que depois virou uma ferida. Algo normal quando se tem EB. Cerca de 1 mês depois, a feridinha tinha cicatrizado, mas não completamente, ou seja, parecia cicatrizada, mas formou-se uma crosta diferente das demais que aparecem em mim e eu sentia que doía embaixo dela. Daí usei os óleos e cremes hidratantes que faço uso para tirar a tal crosta pra ver se terminava de cicatrizar a ferida. Só que não terminou mais. Ficou um pedacinho aberto e a crosta só crescendo. Usei mais hidratante para ir retirando a crosta. mas ela não parava de crescer mais.
E a dor foi aumentando ao longo dos meses. Ficar sentada com o pé pra baixo fazia doer mais. Eu tomava analgésico comum e anti-inflamatório, mas chegou um ponto que eles já não conseguiam fazer passar a dor. Comecei a viver meio dopada de remédios, mas ainda sim ficava "sentindo" meu pé. No meu trabalho, o suporte para pés já não era mais suficiente: tirei ele de debaixo da minha mesa e coloquei a lixeira, que é alta e eu esticava minha perna por sobre ela. Assim meu pé ficava alinhado com a coxa e doía menos.  A dor chegou num ponto em que eu não conseguia mais dormir direito: eu só dormia quando meu corpo "desmaiava" de sono. Eu passava o dia todo com sono. E tomava analgésico e ficava com mais sono...
Mesmo percebendo que havia algo errado, ainda sim esperei minha consulta de rotina trimestral com meu dermato, que deveria ter sido no começo de junho, mas houve uma confusão no Hospital Universitário e acabei não sendo atendida no dia marcado. Para remarcar seria outra confusão. Daí não aguentei e fui no fim de junho um dia de manhã beeeem cedo, antes do dermato chegar e fiquei no corredor esperando por ele. Quando ele passou, o cumprimentei e disse que eu estava lá sem marcar, mas que precisava MUITO que ele visse meu pé e expliquei a situação. Como ele me conhece e sabe que eu me cuido super bem, se eu estava pedindo para ele ver é porque era algo realmente sério. Eu fui a primeira a ser chamada no dia e depois fui pra sala de biópsia colher material para exame.
Depois disso foi uma longa espera pela próxima consulta para saber o resultado, que foi 2 meses depois. (Em hospitais públicos, resultados de exames demoram,) Para minha surpresa, o resultado não estava no meu prontuário. Meu médico então me deu um pedido para ir buscar o resultado onde os exames são feitos. Andei de um prédio para outro, num sol e secura de rachar. Cheguei lá e entreguei o pedido ao funcionário, que me questionou se eu tinha consulta com aquele médico hoje. Eu disse que sim, que já tinha ido nele e que ele estava me esperando de volta com esse resultado. O rapaz me entregou o envelope com o resultado e me disse "boa sorte". Naquela hora, tive a certeza de que algo estava errado.
Sentei num banco ali mesmo e abri o envelope. O resultado, assustador: carcinoma epidermoide infiltrado bem diferenciado.
Saí de lá e fui o caminho todo de volta ao consultório chorando e pensando o que seria da minha vida daqui pra frente. Voltei ao consultório segurando as lágrimas e entreguei o resultado ao médico. Ele me olhou, triste, e disse: "É, vai ter que operar." Eu respondi com um "Tá, isso eu já sei." A questão era como isso seria feito...