domingo, dezembro 28, 2014

RETOMANDO OS ESTUDOS DE ALEMÃO

Enquanto eu estudava na UnB, fiz 2 semestres de alemão. O primeiro semestre foi bem; aprendi bastante e, se não me falhe a memória, passei com SS. No semestre seguinte, não teve quorum pra turma de Alemão 2. Só consegui fazer a disciplina um semestre depois, ou seja, fiquei um semestre parada no meio do caminho.
Como professora de idioma estrangeiro, eu sei que é necessário um certo tempo para se adquirir e fixar as estruturas básicas de uma língua. Se um aluno para sem ter fixado essas estruturas básicas, ele vai esquecer tudo que aprendeu e vai ter que recomeçar do zero. Bem, foi isso que acabou acontecendo comigo, pois na época eu não vislumbrava ter tempo para continuar meus estudos de alemão, uma vez que estudar na UnB e trabalhar não é nada fácil.
Poi bem, o tempo passou e procrastinei bastante a retomada dos meus estudos de alemão. Isso virou até frase na minha descrição pessoal neste blog: "(...)enrolando pra retomar os estudos de alemão." Mas agora chega de procrastinar! Hoje finalmente consegui retomar meus estudos! Afinal, agora tenho uma meta: conseguir me comunicar em alemão em 8 meses! E quanto mais eu adiasse o começo, menos meses eu teria.
Confesso que neste mês de dezembro eu já vinha ensaiando essa retomada. Primeiro tentei começar lendo sobre pronúncia na gramática alemã que tenho. Mas na hora de pegar nos conteúdos, vi que eles não estariam dispostos de uma maneira didática como eu gostaria. Logo, larguei-a de mão.
Depois peguei o livro com qual estudei alemão na UnB. Comecei a ler, mas me toquei: eu tenho um livro cheio de coisas escritas, e não áudios! E as habilidades que eu vou utilizar mais no ano que vem são ouvir e falar, logo precisava de áudios. Portanto, meu antigo livro de sala de aula não era uma boa ideia também.
Usei a cabeça e fiz hoje uma longa busca no YouTube, por séries de vídeos de ensino de alemão, começando do basicão. Ouvi algumas e salvei as que julguei mais interessantes nos favoritos do meu navegador. Hoje certamente ouvi mais de 1h de áudios.
Ainda não estabeleci um plano de estudos, quantos minutos diários ouvirei de alemão. Até porque não posso fazer com o alemão a mesma coisa que faço com meus áudios em inglês ou espanhol: como são idiomas que eu domino (o primeiro mais do que o segundo), eu coloco algo pra ouvir e continuo fazendo minhas atividades cotidianas, como preparar comida, me arrumar ou ler e-mails. Com o alemão, por mais que neste primeiro momento eu esteja revisando muita coisa que já vi, vou ter que sentar e prestar atenção, repetir as frases, voltar o vídeo pra repetir de novo ou pra ler e fixar alguma palavra grande e difícil de lembrar (pois o alemão é cheio delas!). Portanto, vou ter que sentar mesmo pra estudar.
Mas estou feliz com o material que separei para estudar e com o tempo vou poder filtrar mais pra escolher os canais que me agradam mais. Até porque cada canal tem um foco: tem uns que as aulas são bem curtinhas, de menos de 5 minutos e eu mesma que tenho que ficar voltando o vídeo umas 5x pra cada frase até eu consegui falar direito; outros já tem bastante explicação de gramática; outros tem exercícios que o professor vai resolvendo junto com você; e tem um que eu gostei muito (pelo menos neste momento de revisão) que tem um foco excelente em fonética, com cada frase descrita em símbolos fonéticos e explicações detalhadas que como pronunciar corretamente cada fonema (como eu adoooooro fonética e sei de sua importância para falar corretamente em qualquer idioma eu adorei, embora o primeiro vídeo tivesse mais de 20 min para conseguir abordar isso tudo).
Enfim, foi bom sair da procrastinação... Agora é mão na massa! Tschüss!!! =D

domingo, dezembro 21, 2014

FALAFEL - O PAI DO ACARAJÉ (ou DIA DOS BOLINHOS)

Ontem foi um dia de confraternizações e dos bolinhos. 
Na primeira, fui ao restaurante Loca como tu Madre e de entrada pedi a porção de bolinhos de galinhada, pois achei a proposta interessante. Claro que o caso não era de reaproveitamento, mas já pensou que ideia legal pra galera goiana de reaproveitamento da galinhada do fim de semana!? Acompanhando, vinha uma geleinha de pimenta de cheiro, que parecia uma gelatina sem sabor incolor com pedacinhos minúsculos da pimenta. Era tão suave que até consegui comer e gostei! Deixei o restante pra comer com o prato principal, mas ela derreteu e ficou só líquido transparente com os pedacinhos da pimenta no fundinho do copo. 
De noite, fui ao restaurante Sadik pra confraternização com a galera da dança. Foi um presente de Natal poder reencontrá-las depois de quase 4 meses sem dançar (como eu viajei no começo de setembro e no fim do mês foi a cirurgia, fui às aulas só até agosto e tranquei).
Lá, dentre outras coisas, resolvi pedir uma porção de falafel, que é um bolinho de grão de bico. Acompanhando, vinha pão sírio e um molho a base de iogurte e hortelã. Confessei que fiquei sem saber o que fazer com o pão sírio; pra mim, não combina com bolinhos. Daí fui conversar com um dos donos, que é árabe, pra matar minha curiosidade. Ele me explicou que se come colocando os bolinhos e o molho dentro do pão sírio, fazendo uma espécie de sanduíche. (Depois pesquisei na internet e vi fotos de como fica.) Mas a essa altura eu já tinha comido partindo os bolinhos no prato e colocando o molho por cima.
Ele me explicou também que o falafel é o pai do acarajé. Os árabes levaram a receita pra África, mas como na África não tem grão de bico, trocaram por feijão fradinho. Depois, os escravos que vieram pro nordeste trouxeram a receita.   
Também experimentei o chanclich, queijo a base de coalhada levemente azedo e coberto por uma mistura de especiarias chamada zaatar. O domo me explicou que é artesanal e que demora 1 semana pra ficar pronto. Ele me disse que a esfiha de queijo tipicamente árabe é feita com ele e que fica excelente. Mas que no restaurante eles não a fazem porque precisaria de uma produção muito maior de chanclich pra dar conta, e que a irmã dele, que é a outra dona, não deseja expandir muito o restaurante, quer algo pequeno e familiar.
Comi a porção dele com pão sírio e é muuuuito gostoso! Mas já tinha comido muito antes e trouxe parte dele pra casa. 
Interessante aprender um pouquinho mais sobre essa culinária tão gostosa e antiga!  

domingo, dezembro 07, 2014

FISIOTERAPIA, MÚSCULOS E DANÇA

Neste momento, estou fazendo fisioterapia para voltar a andar e outras atividades corriqueiras, como dirigir e dançar. Felizmente já voltei a andar, mas ainda pouco e só dentro de casa, ainda mais porque minhas sapatilhas ainda não cabem no meu pé operado, então estou tendo que sair sempre com sapatilha no meu pé esquerdo e meu chinelo da Mônica no pé direito. =D
Graças à fisio, aprendi coisas muito interessantes sobre musculatura. Por causa da dança, eu já tinha "descoberto" o músculo oblíquo (que depois fui estudar e descobri que na verdade são 2 músculos: o oblíquo interno e o externo), que é bem usado na dança do ventre em movimentos básicos, como o básico egípcio. Agora "descobri" mais 2 músculos interessantes:
O primeiro é o ilopsoas: que serve para flexionar quadril e coxa. Tive que fazer uns bons alongamentos nele, pois estava enrijecido de tanto ficar deitada, o que me atrapalhava a voltar a andar, pois não conseguia manter uma postura legal e andava toda "troncha".
O segundo, e mais curioso, foi o músculo transverso. que firma a coluna, sendo a base para mantê-la reta. Me fora passado um exercício para trabalhá-lo contraindo-o, só que num primeiro momento eu tentava e nada. Tudo bem, pois me foi dito que demora um tempo para dissociá-lo do músculo reto (que é o tradicional músculo que forma a barriga de tanquinho). E na sessão seguinte, me apalpavam para ver se eu estava movendo o músculo certo, mas não sentiam nada. Até que depois em casa, num momento de insight, eu entendi o que acontecia: era dava mais nada menos que usamos para os movimentos de encaixe e desencaixe na dança do ventre, e as fisioterapeutas não conseguiam sentir ele se movendo como se sente nas outras pessoas por ele estar altamente malhado. (Quem disse que dança não é também malhação!?) Na terceira sessão, foi curioso eu explicar como eu havia entendido onde era o músculo e até fiz uma demonstração do encaixe-desencaixe pra mostrar como ele é trabalhado na dança.
É muito bacana descobrir como a dança consegue trabalhar músculos que a gente nem sabe da existência! 

quinta-feira, dezembro 04, 2014

EU TIVE CÂNCER, E ELE NÃO ME VENCEU (PARTE 2) - E AGORA?

E esta estória continua naquele momento em que meu mundo desabou. E agora? O que fazer? Como vai ser? Muitas dúvidas e muitos medos.
Eu disse ao meu dermato que tenho plano de saúde e que queria me livrar daquilo o mais rápido possível para evitar o pior. Ele então me passou o cel de um cirurgião oncológico amigo dele e pediu que eu marcasse pra conversar com ele. Saí do consultório, sentei no carro e chorei horrores. Liguei pra minha mãe pra contar o resultado da consulta e chorei mais horrores. Felizmente consegui me acalmar e dirigir a passos de tartaruga até minha casa (nunca dirigi tão devagar na minha vida). Minha mãe chegou depois. 
Pedi que ela ligasse pro médico; só conseguiu marcar consulta pra semana seguinte. Ligou também pra uma tia minha que é dermato, pra ver o que ela me orientava. Tendo em vista que não havia mais nada pra fazer por aqueles dias que pudesse me ajudar, engoli o choro, lavei o rosto e decidi que não ia ficar em casa sozinha chorando; ia ser pior. Fui trabalhar como se nada tivesse acontecido.

Infelizmente a combinação câncer e EB não costuma ser animadora. Dos casos que tive conhecimento pelo Brasil afora, acho que umas 2 pessoas fora eu estão vivas. E das que não estão mais por aqui, boa parte delas teve pés e/ou mãos amputados por causa de câncer. Aqui em Brasília já tivemos 2 casos, mas eram pacientes que não recebiam os cuidados adequados para EB (não vem ao caso explicar os motivos), e os portadores de outros estados com quem eu conversei foram casos em que se demorou muito para diagnosticar, por isso tiveram consequências trágicas. Por tudo isso, eu achava que eu não teria câncer, por estar bem cuidada. Quanta inocência a minha!
E já que ele apareceu, o meu grande medo era de ser necessário amputar meu pé. Como eu viveria numa cadeira de rodas? Como seria pra mim nunca mais dirigir ou dançar? Felizmente, com todos os médicos e enfermeiros que entendem de EB com quem conversei, me disseram que isso provavelmente não aconteceria, pois meu diagnóstico foi muito precoce, com poucos meses, e o câncer ainda estaria pequeno o suficiente para uma remoção mais tranquila, o que se confirmou.

Alguns fatos importantes:
  • O câncer é uma mutação genética que torna as células malignas. Citando as palavras da minha oftalmo, todos nós desde pequenos deveríamos aprender que boa parte das pessoas terá câncer, alguns causados por maus hábitos e descuido com a saúde, e outros não há como prevenir, como no caso da EB (na minha cabeça tenho uma teoria, baseada em tudo que já estudei, que haveria como ter uma certa prevenção, mas essa é uma teoria minha, que explicarei mais a frente).  Por isso, na opinião dela, deveríamos entender que, embora possa não acontecer com todo mundo, é provável que mais dia, menos dia, nós teremos. E muitos terão a "sorte genética" de não ter. (Não, não estou sendo pessimista, pois quem me conhece sabe que eu não o sou, mas tem certos momentos da vida em que precisamos ser mais realistas). Mas claro, é o diagnóstico precoce que vai definir se aquele câncer será mortal ou não.
  • As pessoas começaram a me perguntar se meu câncer era maligno ou benigno. Em conversa com meu cirurgião oncológico, descobri que existe um problema sério de entendimento quando fazem essa pergunta. Tumores que são benignos ou malignos, e tumores malignos = câncer. 
Fatos importantes sobre EB e câncer:
  • Segundo levantamentos internacionais, na foma mais grave de EB, a distrófica recessiva, que é a minha, cânceres podem começar a aparecer a partir dos 15 anos e a incidência deles aumenta muito depois dos 30 anos (lembrando que ano passado entrei nessa faixa etária). Além disso, a grande maioria acaba tendo mais de um câncer ao longo da vida. Mas como disse meu endócrino, isso são estatísticas, que consistem em "médias", e não necessariamente tem que corresponder à realidade de todos. (Foi ótimo eu ter optado por ler isso, embora eu tivesse a literatura disponível, só depois da cirurgia, para que isso não me desanimasse.) mas de qualquer forma, fica o alerta par que, quem tem EB distrófica ficar mais atento após os 15 anos.
  • E por que o câncer é tão comum em quem tem EB? A resposta é muito simples: como somos uma fábrica de pele em exaustão, cicatrizando continuamente diversas lesões, produzimos muito mais células do que as outras pessoas, o que faz com que seja mais fácil, estatisticamente, uma célula sofrer uma mutação e virar um câncer. 
  • O câncer em EB possui aparência e sintomas diferentes dos cânceres de pele de outras pessoas. No nosso caso, costuma ser uma ferida que não cicatriza e que começa a causar dor intensa, diferentemente da dor que pode ocorrer em lesões comuns. Também podem surgir crostas ou calombos. (No post anterior já expliquei como foi o meu.) Só que existe uma grande diferença entre uma lesão que não cicatriza e um local que nunca fica sem lesão. No segundo caso, a lesão começa a diminuir, mas aumenta de novo devido a coceira, uso de curativos inadequados (em especial gazes) ou fragilidade da região causada por repetidas lesões. Por isso ocorre em muitos casos a demora em se identificar que há algo fora do normal. 
  • Como uma produção desordenada de células nas cicatrizações favorece as mutações, eu tenho uma teoria que de pessoas com EB que sejam tratadas desde pequenas com curativos adequados para EB, favorecendo uma cicatrização mais ordenada, teriam menos risco de ter câncer. (Mais uma vez destaco que essa é uma teoria empírica minha, baseada na minha vivência somada aos meus estudos autodidatas em EB em literatura internacional. Agora tenho que investigar, indagando profissionais de saúde com conhecimentos em EB, se essa minha teoria realmente faz sentido.) Na minha infância e juventude, eu não tive opção, tive que usar gases e pomadas por uns 25 anos, pois não existiam os curativos que existem hoje, e sei muito bem o quanto o processo cicatrizatório é prejudicado em quem usa gazes, pois elas grudam nas lesões e ao serem retiradas no banho, retiram também praticamente todo o trabalho que o corpo teve o dia inteiro tentando cicatrizar a lesão. Nos últimos anos, venho tentando reverter parte dos problemas que me foram causados pelo uso de gazes, mas não dá pra reverter 25 anos em 5, e infelizmente tem muita coisa que não conseguirei reverter, pelo menos com as tecnologias existentes hoje. 
Bem esse post já ficou gigante (de novo!), mas eu acredito que, se eu tive que passar esta experiência, é para que eu pudesse aprender com ela e repassar pra frente o conhecimento adquirido, de forma a ajudar outras pessoas.
Aguardem as cenas dos próximos capítulos. =D