quarta-feira, junho 23, 2010

PALESTRA SOBRE ACESSIBILIDADE - MINHAS IMPRESSÕES

Não foi porque eu ministrei a palestra, mas tenho que dizer que foi um sucesso! O encontro, que era para ser algo rápido, com duração de 1h aproximadamente, acabou rendendo quase 2h. Se somar às conversas posteriores com diversas pessoas, foram umas 2h30.
Tive a sorte de palestrar em companhia do Daniel, coordenador do DFJUG, que possui uma vasta experiência com deficientes, em especial auditivos. Logo, ele fez uma inrodução maravilhosa e sempre tinha ótimos pitacos para dar na minha palestra, trazendo informações complementares muito úteis.


O público não foi grande, mas bem seleto. Eram pessoas realmente interessadas no assunto, ou porque já pesquisavam sobre ele ou que precisavam entendê-lo por motivos profissionais, por ex. Tive a alegria de contar com a presença de 2 amigas, uma delas a responsável pelas fotos, nas quais não fiquei linda, afinal não estava posando para elas; foram expontâneas.


Aqui trago para vocês um resumão do que falei e que não consta escrito na apresentação. (Aos interessados em ter a apresentação, basta entrar em contato que eu envio por e-mail.) O vídeo exibido na apresentação pode ser baixado em diversos formatos no site http://acessodigital.net/video.html

As historinhas práticas contadas por mim e pelo Daniel foram muito úteis para passar a realidade dos deficientes visuais e da acessibilidade foram muito boas, mas não cabem aqui, senão o post iria ficar gigantesco.

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Deficiente visual não é sinônimo de cego!

Os deficientes visuais podem ser divididos em 2 grandes grupos:

Deficiente visual parcial (visão subnormal ou com baixa visão): Pessoas que possuem dificuldade de enxergar que não pode ser corrigida por lentes ou cirurgias. Normalmente conseguem ler textos em fonte ampliada (em geral tamanho 24) ou com ajuda de lupas. A visão é suficiente para, por ex., se desviar de obstáculos.

Deficiente visual total (ou cego): Aquele que possui uma visão muito limitada. Em geral conseguem apenas distinguir a presença ou ausência de luz ou ver silhuetas. É muito raro uma pessoa que não possua nenhum resquício de visão, por menor que seja.

Há ainda o daltônicos, que legalmente não são deficientes visuais, mas são tratados como tal quando falamos de acessibilidade de sites, por ser uma doença que altera a percepção das cores. Existem três tipos de daltonismo, sendo que o tipo mais comum é aquele em que o indivíduo não enxerga as cores verdes e vermelhas (e cores derivadas, como o rosa). Os outros dois tipos são mais raros: em um deles não se enxerga a cor azul e no tipo mais grave não há a percepção de cores (ou seja, enxerga-se preto, branco e cinza apenas).


Por que considerar como grupo prioritário quando se trata de acessibilidade de sites o deficiente visual?

O deficiente visual, antes do surgimento do computador, da internet e das tecnologias assistivas, possuía um acesso muito limitado a informação e cultura. A ele não é possível ler um jornal, uma revista ou um livro. A televisão só podia ser ouvida. Com poucas bibliotecas com livros em Braille disponíveis, a única fonte de informação possível era o rádio. Além disso, um deficiente visual possui dificuldade de deslocamento, o que dificulta a realização de compras.

Atualmente, usando um computador, o deficiente visual tem acesso em diversos sites a notícias e livros. Além disso, pode fazer compras sem sair de casa, podendo pesquisar soznho por informações sobre os produtos que deseja, sem depender das descrições de vendedores e familiares, necessárias quando se vai a uma loja física.


O grande oráculo cego da internet: o Google

Quem possui um site acessível também está facilitando sua localização pelo Google. Isso porque ele usa princípio semelhante ao leitor de tela para indexar os sites: ele procura por todo o texto disponível. Se um site é totalmente feito em flash, por ex., não haverá palavras para o Google indexar, nem para o leitor de tela ler.


Programas leitores de tela

Identificam o texto escrito na tela e o convertem para um sintetizador de voz, responsável por transformar o texto em voz. No Brasil, os deficientes visuais costumam usar os programas leitores de tela Jaws e Virtual Vision. Os dois leitores possuem funcionalidades semelhantes, logo a escolha entre usar um e outro vai mais do gosto de cada usuário, em geral motivado pelo programa que ele conheceu primeiro.

O Daniel (coordenador do DFJUG) citou que para o Linux, existe o leitor de tela Orca que já vem no CD de instalação do Ubuntu.


Validação automática da acessibilidade de um site

Para validação automática de sites brasileiros, utiliza-se em geral os 2 programas abaixo. Essa validação deve ser feita pelo programador do site, pois os resultados permitirão a correção de erros “grosseiros” de acessbilidade.

Da Silva – ferramenta web disponível no site www.dasilva.org.br em que basta digitar uma URL e é feita a validação

ASES – software público voltado para os desenvolvedores, permitindo a validação de diversas páginas simultaneamente diretamente pelos códigos-fonte; possui ferramentas interessantes, como simulador de daltonismo. O Daniel inclusive fez o convite para que os desenvolvedores possam contribuir melhorando o código ou adicionando novas funcionalidades.

Foi apresentada uma tela do Da Silva com a validação de um site governamental, o qal teve um resultado muito interessante para análise. Este site possui o selo de acessibilidade AAA (ou riplo A), atendendo todos os níveis de prioridade definidos na WCAG e no eMAG. Na validação automática constatou-se que o site não possui erros de acessibilidade que possam ser verificados automaticamente. Entretanto, possuía um exagerado número de avisos (pontos que não podem ser verificados automaticamente): mais de 500 na prioridade 1 e mais de 200 em cada uma das prioridades 2 e 3. Conclui-se, portanto, que os programadores se preocuparam apenas em eliminar os erros, conseguir o selo de acessibilidade e estar dentro da lei. Um site que possui quase 1000 itens que precisam ser verificados manualmente muito provavelmente não está acessível.


Exemplos de não-acessibilidade

Foi mostrado que muitas vezes correções simples, que podem ser facilmente incorporadas às boas práticas de programação, aumentam a acessibilidade de um site. Entretanto, há ainda alguns desafios, como lidar com teclados virtuais de bancos e CAPTCHAS (aqueles caracteres distorcidos que aparecem em figuras para lermos digitarmos). Existem soluções menos tradicionais para esses tipos mais complexos de não-acessibilidade, mas que não são considerados pela maioria dos sites.


6 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pela palestra. Foi perfeita !!!

Anônimo disse...

Ótimo saber que mais gente tem falado de acessibilidade! Esse assunto precisa se tornar popular!
Parabéns pela iniciativa!
http://blog.thaisfrota.com

Ana Miranda disse...

Foi com grande satisfação que li aqui o resumo de sua palestra!!!
Parabéns por você ser quem você é, e jamais deixe de levar às pessoas seus conhecimentos, suas experiências.
Beijos.

Bela disse...

Muito útil e didático o conteúdo da palesta.Gostei e espero que o assunto tenha um alcance cada vez maior.Parabéns!

Yury Suertegaray disse...

Muito bom o trabalho. Sou desenvolvedor web e acredito na importância da informação acessível a todos. Uma lida já me abriu os olhos para alguns detalhes importantes e interessantes.
Parabéns pelo trabalho.
Yury

Borboleta Roxa disse...

Agradeço a todos que visitaram este post e dele gostaram. Alguns eu não tive como responder diretamente e nem sei se lerão isso, mas de qualquer forma deixo aqui o registro.