sexta-feira, julho 29, 2011

GENIALIDADE PRECOCE


Na terça passada fui mais uma vez ao Mittelalter ver uma amiga minha dançar. A apresentação foi bacana como sempre, pois na minha humilde opinião, ela dança muito bem. Mas o motivo deste post é contar sobre uma garotinha de 6 anos que conheci e que, por incrível que pareça, foi o ponto alto da noite.
Por ser terça, o local estava relativamente vazio e escolhi uma mesa que ficada num ângulo bom para assistir às danças. Nela estava ocasionalmente sentada a menininha sozinha, estrategicamente perto dos músicos pra poder brincar com os instrumentos musicais antes da apresentação. Como lá as mesas são grandes e “coletivas”, ou seja, você senta onde tem vaga e provavelmente na sua mesa sentarão pessoas as quais não conhece (a não ser que esteja em um grupo de umas 10 pessoas no mínimo), eu sentei na mesa onde estava a menininha.
Enquanto esperava algumas chegarem (que num primeiro momento eu nem tinha certeza se iriam mesmo), a menininha começou a puxar papo. Ao me ver e ver minhas habilidades ao usar o cel pra mandar mensagens, ela tirou diversas conclusões e foi me fazendo uma série de perguntas sobre “como é viver sem dedos”. (Como ela mesma já deduziu que eu não tinha dedos e eu não achava que a conversa iria se alongar tanto, não expliquei pra ela o que aconteceu de verdade com meus dedos, mas enfim)
Separei algumas das melhores perguntas dela, as quais eram tão instigantes que algumas eu nem soube num primeiro momento como responder. Impressionante a complexidade das perguntas para uma criança de apenas 6 anos.
  • Você gostaria de ter dedos?
  • Que coisas você não consegue fazer sem os dedos?
  • Você consegue dirigir? (E, depois de eu responder que sim e explicar como) Mas não dá pra andar de moto, né? Nem de bicicleta. 
  • Seus pais estranharam muito quando você nasceu?
Pense numa garota precoce e que adoooora conversar com qualquer pessoa e sempre tem assunto! Como ela ficou muito tempo na minha mesa, tanto o pai quanto a mãe, em momentos distintos, foram lá me perguntar se ela estava perturbando. Eu disse que não, que ela estava sendo uma ótima companhia enquanto esperava minhas amigas chegarem e as apresentações começarem. O próprio pai me perguntou: “Você tem certeza que ela não está incomodando? Pois se deixar ela vai longe...”

Conversamos sobre a escola dela, sobre ela gostar de viajar, sobre pessoas sem mãos que ela já viu na TV, incluindo outro comentário impressionante: “Mas elas são diferentes de você, pois elas não tem as mãos e você só não tem os dedos.” Já é complexo para muitas pessoas adultas diferenciarem isso, imagina para alguém de tão tenra idade!

Apesar da perguntação, foi uma conversa super agradável, e eu tava curiosa para ver até onde a curiosidade dela iria. Tadinha, ela ficou tão triste e deslocada quando minhas amigas chegaram e a mãe foi lá mandar ela voltar pra mesa da família. Depois ela até foi lá algumas vezes, me perguntar mais alguma coisa e conversar com minha amiga dançarina, quando sentou conosco em um intervalo.

Torço para que, daqui a alguns anos, ela siga alguma profissão em que ela possa usar bastante esse dom investigativo!

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